sábado, 26 de maio de 2007

CONVITE

O NÚCLEO DE CULTURA POPULAR DA BAHIA através do Projeto Jorge Amado: mito ou baianidade?, tem o prazer de convidar Vossa Senhoria para participar da atividade de extensão: I CICLO Leituras de Jorge.
Coordenado por Marcos Santana, aluno do curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens (UNEB/PPGEL), o I Ciclo Leituras de Jorge funciona como um valioso instrumento acadêmico, na medida em que possibilita o exercício progressivo de abordagens temáticas e transversais, além de agregar pessoas e valores culturais ao projeto em desenvolvimento.
Realizado uma vez por mês, preferencialmente, num dia de quinta-feira, e especialmente dedicado a Oxóssi, o I Ciclo Leituras de Jorge propõe uma contínua reflexão, seguida de debates temáticos propostos em torno da obra amadiana. Com essa metodologia, busca-se uma melhor compreensão do legado literário que foi deixado pelo famoso escritor baiano, assim como a sua influência a partir da década de 1970, na afirmação do conceito de “baianidade” amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa encabeçado pelas empresas oficiais de turismo.
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O que? Leituras de Jorge (Atividades interativas inspiradas em Tenda dos Milagres)
Onde? Fundação Casa de Jorge Amado, Café Teatro Zélia Gattai
Quando? 31 de maio de 2007
Hora? Das 15 às 16h30min.
Quanto? Entrada Fraca
Atenciosamente,
Marcos Santana Tel. 3321-4738
Daniel Teixeira Tel. 3321-0070

COLÓQUIO CELESTIAL



Por Rodrigo Matos



WALLON - Meu caro Lev, sinto um desejo imenso de chamar Piaget de burro, o que achas?
VIGOTSKI - Sobre sua vontade, não posso recriminá-lo, pois também a sinto, quanto ao fato concordo e assino em baixo, acrescentando um pouco de esquizofrenia.
FREUD - Eu acho que a mãe dele...
JUNG - Cala a boca seu retardado, a pergunta é sobre a burrice piagetiana e não sobre as perversões sexuais de sua mãe, se é que ela as tinha...
PAVLOV- Realmente ele é burro, nem fez os experimentos necessários com as criancinhas, se fosse comigo as criancinhas passariam por experimentos, sem dúvida!
KHÖLER - Percebo a sua burrice de longe...
LACAN - Eu não sei muito bem do que vocês estão falando, cheguei um pouco depois, mas tudo tem a ver com o Mar e a Mãe, sempre.
PIAGET, o paciente - Quando minha Mãe me levava ao Mar numa Mercedez-Benz, percebia muitas coisas no asfalto negro, mas Mamãe não ligava, Papai me mostrava fotos de povos ameríndios e asiáticos, que tinham certas semelhanças e discrepâncias, ninguém brincava comigo, me achavam chato, eu sempre quis ter amigos quando eu era criança, talvez por isso sempre gostei de moluscos e crianças, ao ponto de confundi-los.



Caso copie mantenha intacto e dê o crédito.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Numa delegacia, num bairro com nome de santo da cidade de São Salvador

Por Rodrigo Matos


- Vamos lá rapaz, isto aqui é uma delegacia, tá pensando que eu tenho a noite toda... – Bradou o policial irado
- Não senhor, é que eu... eu... eu não sei bem ao certo o que aconteceu... eles estavam lá, gritavam... ou... diziam e eu não agüentei!
- Foi você que deu os tiros?
- Sim, eu acho...
- Acha? Que porra é essa?
- É que... eu não sei ...foi algo muito estranho, entende doutor?
- Você deu um teco, num foi?
- Não, hoje não, tava limpo, juro... – fazendo sinal da cruz com os dedos.
- Ahhhaha...essa foi boa mas não cola.
- Juro, é que eles, quero dizer, as coisinhas estavam lá do outro lado da porta; e eu fiquei atormentado. Eu olhava pelo olho mágico e eles não iam embora, eu dizia... dizia: vão embora, porra! E eles ficavam lá, olhando para frente... e todo dia eles voltavam no mesmo horário nem adiantava me esconder...
- ...conta tudo desde o início...- falou irritado o policial, que não entendia nada.
- ...Tô contando, num percebeu...
- ...olha o respeito seu filho da puta...
- ...sim senhor.
- Então fale, você deu os tiros ou não no casal?
- Dei, eles não iam embora, eu fui lá dentro e peguei o 3oitão e fui em direção a porta... e eles começaram a falar aquelas coisas... ai eu não agüentei e descarreguei o revolver naquelas duas coisinhas.
- Mas que merda esses filhos duma mãe falavam?
- O homem dizia:
“ Testemunhas de Jeová, bom dia”
- E a mulher:
“ Você gostaria de comprar a revista Sentinela”

- Entendo – resmungou o policial.


Texto inédito, jamais publicado, caso copie mantenha-o intacto, por favor.

Minha Vida de Pelúcia


Hoje descobri que estou vivo, que a dor desse estado é a sabedoria. Saber da vontade, do desejo mais íntimo: sofrimento...
Hoje descobri que estou vivo, anulo a minha condição de ser vivente abomino a respiração; logo se esgotará a felicidade.
Hoje descobri que estou vivo, mas ao estar ciente disso aniquilei-me
.



Por B. de Quatre


Ps. Sou gordinho e angustiado, por isso demoro para escrever. Sempre choro quando vejo o sol, as flores sob o orvalho da manhã e propagandas de cerveja, e dessa forma é muito difícil não chorar o tempo todo.

terça-feira, 22 de maio de 2007

O GRÁFICO

Por Rodrigo Matos


Algo de muito curioso acontece comigo, em todo canto que vou encontro fedor, mas desta vez ele me olhava e pedia 0,70 centavos para comprar um cigarro, honestamente, não entendi a cifra nem a honestidade do pedido, o que me fez pegar a carteira e tirar exatamente os 0,70 centavos. Mas o fedor personificado continuou ao meu lado me olhando, admirando-me de uma maneira estranha e próxima, tão próxima que potencializava extremamente o seu fedor, exalado por todos os cantos de seu corpo, mas principalmente de sua boca. Ele sentou ao meu lado sem ser convidado, me disse que eu era uma pessoa muito estranha e de supetão me perguntou: “você está lendo o que ai?”.Tinha me esquecido do livro tenso que estava com a presença dele, olhei a capa teatralmente e lhe mostrei, virando-a em sua direção. “Um sultão em Palermo”, disse, “que interessante, um muçulmano na Itália, é isso mesmo?”, olhando-me ironicamente, como que avaliando o impacto de suas palavras sobre mim.
Eu estava assustado, mas antes que me recuperasse ele se apresentou, “Meu nome é Julio, mas todos me conhecem como Julio, o gráfico”, e estendeu a mão cheia de escaras para mim. Não tinha escapatória, além da mão havia o sorriso e uma expressão afável, que me forçavam retribuir o cumprimento, apesar da repulsa que me causava o seu cheiro, apertei fortemente sua mão esperando que com isto ele se desse por satisfeito, mas ele não soltou a minha mão e me disse “você não esperava isso não é? O livro? Não sou daqui, sou de outro lugar. Já li muito, não conheço este, mas já li Saramago, você conhece?”, balancei a cabeça confirmando, “e aquele peruano, peruano não colombiano”, Garcia Márquez, completei, “esse mesmo, que escreveu Cem Anos de Solidão, que livro da porra, não é velho?”, ele estava feliz, eufórico, mas soltou a minha mão. Após o aperto de mão ele começou a me tocar de leve no ombro, com a intimidade de um amigo, que me autorizava a perguntar-lhe que desventura o havia trazido à condição decrépita em que se encontrava e ele me contou a história de um assalto seguido de um espancamento que o havia prostado em um leito de hospital por algumas semanas, separando-o da família e de sua cidade, para onde estava retornando na condição de indigna de mendigo.
Ele me propôs que fumássemos um cigarro, já que meu ônibus ia atrasar mesmo, aceitei. Conversamos sobre Literatura – descobri que ele não gostava de Paulo Coelho, adorava o ciclo macondiano e Machado de Assis -, Política, Hugo Chávez, Oriente Médio, Juliana Paes e a legalização da maconha, mas a nossa conversa mais extensa acabou sendo sobre mercado editorial e técnicas para editoração de um livro.
Minha especialidade é a policromia, adoro fazer capas coloridas, mas é muito caro. Ninguém quer arcar com os custos de uma edição colorida, aqui no interior um gráfico fica reduzido a um impressor de talão de notas fiscais, é muito pouco, até para sobreviver. Adoraria fazer uma capa como esta – pegando o meu livro em suas mãos e olhando-o desolado – colorida, bonita e bem acabada. Quanto custa um livro desses? Deve ser caro...”.
Propus pagar sua passagem de volta para casa, mas ele recusou veementemente dizendo não ser ainda o momento. Não perguntei o motivo da recusa, pois entendi sua condição, não era daquele jeito que queria voltar. De repente houve uma chamada para um ônibus, era o meu, Julio foi até a mureta da estação e voltou confirmando o destino do ônibus. Reiterei a oferta da passagem e novamente ele recusou. Dirigi-me à plataforma acompanhado pelo meu amigo, nos despedimos com um abraço e com a direção de onde no futuro poderíamos nos encontrar. Entrei no ônibus e na estação o gráfico acenava dizendo adeus. Ao retornar à leitura, encontrei um outro sentido para aquele livro, pois nele ficou impresso para sempre as marcas desse inesperado encontro.



Texto publicado no Jornal Varal de Notícias em Dezembro de 2006, nº. 1 , 1ª Edição, Salvador: PPGEL/UNEB, p .7.

As aparições do Cão

Projeto RodaPalavra na Bienal

O Projeto RodaPalavra também vai fazer parte da 8ª Bienal do Livro da Bahia. Desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL) desde 2005, o RodaPalavra conta histórias e realiza ciclos de leituras nos setores de Oncologia e Cardiologia para crianças do Hospital Santa Isabel.
No dia 19 de abril, a partir das 18h, na Arena Jovem receberá a coordenadora do grupo, Verbena Maria Cordeiro, e os professores Luciana Moreno, Rodrigo Matos e Maria Heli Rezende que contarão histórias e divulgarão o trabalho do RodaPalavra.

[Texto: Michele Louvores / Ascom – UNEB]

Só vi outro dia...saiu no jornal Em Campus da UNEB, nº. 10, Maio de 2007, mas seria um pouco tétrico fazer círculos de leitura em um setor de oncologia, a moça confundiu tudo...

CIORAN, o cão celestial



A inspiração para o nome do blog é dele, meu amigo de adolescência, Émile Michel Cioran...só mais um pretexto para fazer com que isto funcione. O pior de se ter um blog é sentir-se pressionado a atualizá-lo.