tag:blogger.com,1999:blog-47712099253853795382024-02-07T01:36:27.171-03:00O Cão CelestialRodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.comBlogger98125tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-32588044528748696132008-11-01T02:39:00.000-03:002008-11-01T02:42:39.134-03:00Feia<div align="justify">Dizia tudo com os ombros. Caracol de cabelo liso, intensa beleza sem registro. No movimento do ônibus move-se o fio, Macabéa aparece, inverossímil.</div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-57243684075538885582008-05-07T22:27:00.001-03:002008-05-07T22:48:19.324-03:00Despertando<p align="justify">Há muito não experimenta o silêncio. O chiado do canal fora do ar é para ela uma canção de ninar. Parece que o pai reaparece, vindo do além, e a acaricia na cabeça, percorrendo com os dedos os longos fios negros de seu cabelo. O filho desliga o aparelho. Ela acorda. Vai em direção à cama, cambaleando, perturbada com o fim abrupto da cantiga.</p>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-86335097794239359942008-04-28T18:56:00.001-03:002008-04-28T21:37:50.526-03:00<div align="justify">"Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinqüenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher".</div><br /><br /><span style="font-size:78%;color:#990000;">Gorz, André. Carta a D: história de um amor, tradução de Pedro Azzan Jr. São Paulo: Annablume; Cosac Naify, 2008.</span>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-73613162169368353172008-04-22T19:54:00.000-03:002008-04-22T19:55:44.881-03:00Relance<div align="justify">Num instante. No tempo que a fumaça utilizou para percorrer a senda do cinzeiro até os meus cabelos. Na duração de um estribilho de Rufus Wainwright. Exatamente no momento em que o garçom, em sua pressa costumeira, limpou a mesa, livrando-a do degelo da cerveja. Um garotinho japonês que, certamente, era chinês, cujas feições me fizeram lembrar um desenho animado, sorriu para mim.</div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-44222479472326722512008-04-14T21:58:00.000-03:002008-04-14T22:00:46.526-03:00ELES<div align="center"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Bem perto do fim<br />Ele encontrou a<br />Moça. Ela pensava<br />Começar ali a<br />Estrada que ele<br />Findava.</div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-60748154204654163572008-03-13T15:41:00.001-03:002008-03-13T15:45:34.248-03:00Livros à mão cheia: III Manifesto Poesia Nossa de Cada Dia<div align="justify">A cidade do Salvador tem se destacado no cenário nacional e internacional como metrópole cultural e artística, sobremodo no período carnavalesco, cuja prioridade na organização estrutural tem sido a “menina dos olhos” de muitos gestores públicos e isso tem assegurado alto nível de profissionalismo a cada ano.<br /><br />A velha Cidade da Bahia, como costuma ser tratada por escritores como Jorge Amado, tem, por outro lado, perdido um importante referencial de cultura e cidadania. Nas últimas décadas as tradicionais livrarias desapareceram do centro comercial de Salvador (Avenida Sete de Setembro, Rua Carlos Gomes, Comércio, Pelourinho, Rua Chile e adjacências), dando lugar a um tipo de comércio mais imediato e, talvez, mais lucrativo.<br /><br />É incrível essa mudança de paradigma em que os espaços de difusão cultural estão sendo ocupados por estabelecimentos que antes abrigavam livros e materiais escolares passaram a ser ocupados por máquinas de caça níqueis ou funcionam como depósitos de bebidas e distribuidoras de produtos de beleza.<br /><br />Organizações como a Civilização Brasileira e a Distribuidora de Livros Salvador que atuavam com predominância no ramo de livrarias fecharam as suas lojas distribuídas em pontos estratégicos da cidade, incluindo até os dois shoppings centers instalados entre os Barris e a Piedade. O pouco que nos restou desses estabelecimentos ficou restrito ao comércio de papelaria que ocupa um pequeno trecho da Avenida Joana Angélica.<br /><br />Ao que se tem notícia, na década de 1950, o professor Pinto de Aguiar conseguiu realizar um trabalho pioneiro de difusão do livro em Salvador, através da Livraria Progresso instalada na Praça da Sé. Ao assumir um visual quixotesco ele promoveu uma intensa campanha editorial cuja dimensão social e cultural só veio a ter um tímido paralelo com a criação na década de 1990, dos selos editoriais coordenados pela Fundação Cultural do Estado e mais recentemente, pela Superintendência de Cultura.<br /><br />Contudo, temos acompanhado nesses anos o declínio vertiginoso de projetos audaciosos criados com o intuito de tornar o livro mais acessível e mais aprazível, como o do antropólogo Olímpio Serra, instalado num casarão do Pelourinho com o sugestivo título de Sabor dos Saberes e que logo desapareceu, passando a integrar a lista silenciosa e deprimente dos projetos “utópicos” fracassados cuja inspiração inicial parece sair do poema Castroalviano O livro e a América, e cujos versos proféticos se tornaram populares:<br />Oh! Bendito quem semeia<br />livros, livros à mão cheia<br />e mando o povo pensar.<br /><br />Em 2007, a Fundação Pedro Calmon, apostando nesse lema, criou uma campanha comunitária de distribuição de kit livros em praças públicas, no Dia Nacional da Poesia e Dia de Castro Alves, 14 de março. Outras iniciativas foram realizadas como a Bienal do Livro, todas insuficientes para conter a onda avassaladora do capitalismo em Salvador.<br />A livraria-shopping Grandes Autores, o Espaço do Autor Baiano, a Livraria Universitária, a Livraria Senhor do Bonfim, a Civilização e a Distribuidora da Avenida Sete fecharam as suas portas para o público e para o comércio de livros, por sua vez caíram no esquecimento os nomes memoráveis de livreiros como Dmeval Chaves, Abdon Rosado e Adelmo Prado, sem falar no velho Bonfanti citado no livro amadiano Tenda dos milagres.<br /><br />As tradicionais feiras de livros que reuniam milhares de pessoas em espaços públicos, não existem mais. Os projetos e os selos editoriais foram engavetados pela gestão atual da Secretaria de Cultura. Pouco ou quase nada se publicou nesse novo paradigma, que fora implantado na administração pública estadual. Parece que os autores novos e velhos, foram alijados do mercado editorial que se estava consolidando e que tinha a Empresa Gráfica da Bahia como grande aliada institucional e importante vetor de inclusão social e cultural. Registre-se a iniciativa revolucionária de publicar, gratuitamente, livros inéditos durante a realização da VIII Bienal do Livro da Bahia. Infelizmente o audacioso projeto morreu no nascedouro. A grande mídia calou-se sobre esse assunto e os livros continuam engavetados.<br /><br />Abolição! é o nosso grito de desabafo nesse III Manifesto Poesia nossa de cada dia, contra o aprisionamento intelectual na Bahia do século XXI, que acumula os altos índices de violência, analfabetismo (inclusive funcional), subemprego, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, consumo de álcool e drogas. Contudo, o refrão “brasileiro lê pouco” ou “baiano não lê”, continua sendo repetido apesar da criação do Ano Municipal da Leitura, realizado através de eventos em espaços públicos do centro antigo da cidade e registrado em fotografias, em jornais e em relatórios.<br />A prática da leitura no entanto, continua distante da pauta dos gabinetes das autoridades estaduais e municipais, eleitas para promoverem a ontológica justiça social. Até quando?<br /><br />Resistimos, os raros moicanos, ao impulso da sanha carnavalesca que consegue impor uma mobilização política, cultural e social em níveis tão altos, que consegue ainda, dispor de recursos financeiros de altas cifras numa facilidade invejável, que esse manifesto se quer ousa alcançá-los em seus míseros objetivos.<br /><br />Como o carnaval dura poucos dias nos sobra tempo suficiente para freqüentarmos as poucas livrarias como a que funciona na Praça da Sé, numa lojinha próximo ao Plano Inclinado Gonçalves, especializada em obras sobre a cultura afro-brasileira e nas raras publicações da Ediouro; e os poucos sebos que estão surgindo de iniciativas particulares como o Diadorim de João Filho, instalado nas imediações do Forte de São Pedro.<br /><br />Entretanto, entendemos que a nossa fome de leitura, o nosso ardor pelo acesso ao livro e a nossa vontade férrea de querer pensar, racionar e refletir, também deve ser respeitada e assistida na “terra do axé”, como nos parece acontecer em outros locais aonde prevalece em nível de igualdade, o acesso ao livro, à música, à dança, ao carnaval, ao futebol, à moradia, à saúde, à educação.<br /><br />Insistimos no ideal de Castro Alves por acreditarmos que “o livro caindo n’alma é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”.</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="right">Salvador, março de 2008</div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="justify"></div><div align="justify">Marcos Santana, Arte-educador E-mail: <a href="mailto:culturapopular@bol.com.br">culturapopular@bol.com.br</a></div><div align="right"></div><div align="right"></div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-53884719739949473562008-02-08T21:00:00.000-03:002008-02-08T21:01:49.466-03:00O Cão Celestial em férias<div align="justify">Os colaboradores do Cão Celestial informam o recesso até maio de 2008. </div><div align="justify">Motivos:</div><div align="justify">Um dos membros (B. de Quatre) se suicidou após curta temporada de estudos no Bois de Boulogne.</div><div align="justify">Carol Medrado ficou grávida e precisa fazer uma demorada pesquisa de paternidade.</div><div align="justify">Rodrigo Lopez-Balthar está ocupado com os afazeres de seu alterego acadêmico.</div><div align="justify">Somente. Até </div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-15710244457213701322008-01-25T22:51:00.000-03:002008-01-25T22:56:06.264-03:00No Bartleby de Melville<div align="center"></div><div align="center"></div><div align="center"></div><div align="center"></div><div align="center"></div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center">"Embora borre a página, a velhice é honrosa".</div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-30044995430981313992008-01-25T22:41:00.000-03:002008-01-25T22:55:33.034-03:00Homem<span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">Faltava-lhe discurso, mas sobravam palavras.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;"></span>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-18408309839881128242008-01-25T17:46:00.000-03:002008-01-25T22:41:29.457-03:00Saida de Bundinha de 4.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5HoI6Mv2zuHkk9oqaauiAa6H7rIQb_Q97UC2Y7dC5rb-4sUR3XUT-X10_mHgKAA-gdUV2nuqEIMb-92L1O-J9FWIxJIxKrOpQF2iK8EczNba1_-WMuhdwWqsRrc2_zMuMz4OAf5Wgowo/s1600-h/bundinha.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5159520485448288786" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5HoI6Mv2zuHkk9oqaauiAa6H7rIQb_Q97UC2Y7dC5rb-4sUR3XUT-X10_mHgKAA-gdUV2nuqEIMb-92L1O-J9FWIxJIxKrOpQF2iK8EczNba1_-WMuhdwWqsRrc2_zMuMz4OAf5Wgowo/s320/bundinha.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Caros leitores</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Informo que a partir de hoje <em><strong>B. de Quatre</strong></em> não é mais um membro do Cão Celestial. Ele pediu para sair! E, pede que informe que a saída se deve ao doutorado, mais especificamente, a concessão de uma bolsa-sanduiche que lhe permitirá morar na França sem ônus, tudo custeado pelo governo Lula. "Um Luxo", nas palavras dele.</div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-87110662571830706972008-01-03T14:28:00.000-03:002008-01-03T14:33:30.927-03:00ENCONTRE A LUZ<em><span style="color:#ccccff;">Por <strong>Rodrigo Lopez-Balthar</strong></span></em><br /><br /><br /><div align="justify">Numa tela de TV se lê, em letras amarelas circundadas por um vermelho-inferno, os dizeres “Você está sofrendo! Ligue e Fale! 3333-3666”, onde um homem negro fala muito pausadamente (ele está lendo tudo que diz, com muita dificuldade, no tele prompter).<br /><br />- Minha amiga, meu amigo, todos que se encontram ouvindo pelo rádio ou nos acompanhando pela televisão e na Internet pelo nosso site www.tosofrendo.com.br , poderão participar ao vivo dessa-sessão-divina-de-purificação-televisiva-pelo-nosso-senhor-nesta-semana-da-limpeza... Alô...Alô....Alô...Alôôôôôôôôô... Quem vem pedindo ajuda?<br /><br />- ...Oi...oi.. sou eu...sou eu...<br /><br />- De onde você fala e qual o seu nome?<br /><br />- Sou eu Bispo, Marilda, que tava na reunião dos 333 homens de Deus e eu dei cem reais no dia e dei o depoimento sobre o irmão de uma irmã nossa ( Deus a tenha, Aleluia!) que mora aqui em casa agora, um maconheiro discarado...<br /><br />- Mas eu acredito que tudo tenha melhorado em sua vida depois daquele dia, não foi? –Falou o Bispo muito sério e com os olhos penetrando a lente da câmera, o que fez Marilda acreditar que aquele homem a estava vendo.<br /><br />- Assim num sei, pra eu sim mas o miserável invés de ler o Livro de Deus, continua lendo esses tal escritores de Satã, com uns nome que a gente num consegue falar, uns negóço assim Tolkiein, Oruvel e até aquele que ta no panfretinho que fala de quem vai pro inferno e que tem um nome que parece com espirro...Mietche...Vietzshe ...aquele que disse que desceu da montanha falando que falou com um ômi que falou uma coisa horrível, que eu num me lembro mais.<br /><br />- Sei, mas quais foram as melhorias que Jesus, nosso Pai, operou em sua vida? Porque Ele é forte e poderoso, ilumina esta casa com um raio especial e ai daquele que duvidar da nossa força e não crer o suficiente para superar as desgraças e as maldições, não é, Bispo Romualdo?<br /><br />- Com certeza – confirma o bispo auxiliar, em fase de treinamento - as maldições, eu tenho quase certeza, estão operando na vida desta senhora, mas eu preciso ouvila mais um pouco para ter certeza absoluta de que se trata de uma maldição ou de um espírito maligno que está obstruindo a felicidade, impedindo a luz divina de entrar na vida desta senhora. Fale minha filha, você tem um homem em sua vida, não é?<br /><br />- Tenho...<br /><br />- Veja ai Bispo Josué que o caminho esta se formando... A senhora está separada dele?<br /><br />- Eu mermo não, o sinhô num se lembra do meu casamento? Foi no dia dos Duzentos Casamentos, na semana de Amán, que eu dei 250 reais pro Bispo Josué usar....<br /><br />- Para Deus, todo dinheiro que entra neste templo é do Nosso Salvador! Palmas para Ele, palmas para Deus, Aleluia! Aleluia! Aleluia! Jesus!<br /><br />- Aleluia! Eu sei, eu sei, eu sei, o sinhô tá certo, eu tô errada, tá marrado em nome de Nosso Senhor!<br /><br />- Tá marrado! E Jesus vai operar na vida da senhora, mas agora fale e não esconda nada, pois Jesus está nos vendo...e sabe de tudo.<br /><br />- Sim, é que o rapaz fica lendo estes livros de Belzebu e vai pra esses chou de roque lá na faculdade e eu ando preocupada com as carga negativa dele na minha vida, o que é que eu faço seu Bispo?<br /><br />- A senhora terá que vir aqui amanhã, na sessão dos Universitários, com o Bispo Anderson e se render ao Espírito da Salvação...<br /><br />- ..mas eu já fui e dei 50 reais pro Bispo Anderson, que me deu um saco de geladinho com o banho do descarrego e pediu para que eu desse um banho no miserável pra ele melhorar...<br /><br />- ...e a senhora deu o banho?- perguntou o Bispo Romualdo, com brilho nos olhos, prevendo o desfecho e trocando olhares cúmplices com o Josué.<br /><br />- Não!<br /><br />- Então está tudo explicado - falou o Bispo Josué - como a senhora quer o resultado sem executar o mandado divino? O banho do descarrego não é qualquer emulsão, ele é bento no altar dos Carneiros de Abraão, com água do rio Jordão, acrescido de Molho Shoyu, Azeite de Oliva, Sal grosso, Água Sanitária, Ramo de Arruda, Coentro, Zimbro, Repolho e Rins de Vaca Preta. Ai de quem diga que estes elementos não são puros e divinos! Tudo isso foi misturado no caldeirão de Aarão e distribuído durante uma oração, mediante o sacrifício de qualquer quantia, que voltará em dobro, mas pelo visto a senhora não levou isto a sério, pois se tivesse dado o banho, este rapaz já estaria conosco. Mas porque a senhora não deu o banho nele? A senhora fraquejou?<br /><br />- É que no dia nós tava sem muito que comer aqui em casa e o rapaz chegou da faculdade, tava cum fome, ai eu aproveitei e dei pra ele tomá misturado com a sopa, pra completá o prato, o sinhô entende, num é? Ai ele reclamou, falou que tava ruim, mas eu achei que fosse o efeito da obra divina nele e nem liguei, mas num adiantou, no outro dia ele já tava lendo um tal de Chopinhauzer e começou a dizer que ia morar numa residência, que eu acho que deve ser uma dessas seita daquele povo que vende incenso nos ônibu, num é Bispo?<br /><br />- Certo, certo, minha senhora - gritou o Bispo Romualdo - Satanás está rondando a sua casa, ele está procurando uma fresta para entrar e quando encontrar, quando encontrar, vai ser uma luta muito difícil...<br /><br />- Ô seu Bispo num deixa não, eu faço tudo que os sinhô manda, no dia dos endividado eu dô 200 real, no dia da mulé do pastor eu dou 100 real, na sessão do descarrego eu sempre dou mais de cinqüenta e todo mês eu e Abnevaldo, meu marido, nós dá mais de 10%, nós é gente de Deus, ora pela gente, num esquece de nós não...<br /><br />Da produção do programa levantaram um cartaz dizendo, “Livrem-se desta vaca, ela está queimando nosso filme, porra!”<br /><br />- Amanhã, a senhora venha até a catedral, e se despoje do mundo de Satã, venha e traga seu marido e da próxima vez dê o banho no rapaz, que está, sem sombra de dúvidas, com um encosto. Tá marrado, em nome de Jesus Cristo, Aleluia! Aleluia!<br /><br />- Eu só queria saber se o sinhô ainda tá vendendo aquele papelinho da fogueira santa, que eu quero comprar...<br /><br />A ligação foi bruscamente interrompida, sendo comemorada pela produção do programa e rapidamente substituída por outra, pré-selecionada.<br /><br />- Alô...Alô...quem procura a luz?<br /><br />- Meu marido me largou, Bispo! </div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-32128118449561119652007-12-19T15:41:00.000-03:002007-12-19T15:48:25.373-03:00Clitóris<span style="font-size:180%;"></span><br /><span style="font-size:180%;"></span><br /><span style="color:#990000;"><span style="font-size:180%;">A<span style="font-size:130%;">p</span><span style="font-size:100%;">a</span><span style="font-size:85%;">r</span><span style="font-size:78%;">o</span> na l<span style="font-size:100%;">íngu</span>a a<span style="font-size:85%;">z</span>ed<span style="font-size:85%;">o</span> a<span style="font-size:130%;">gri</span><span style="font-size:100%;">do</span></span><span style="font-size:85%;">ce</span></span><br /><span style="font-size:85%;color:#990000;"></span><br /><span style="font-size:85%;color:#990000;"></span><br /><span style="font-size:85%;color:#990000;"></span>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-45753742753184494692007-12-06T01:33:00.001-03:002007-12-06T01:33:52.929-03:001Teu cu desfez-se em sílaba.Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-38095283831574080752007-12-06T01:30:00.000-03:002007-12-06T01:32:34.875-03:002No meio da noite a mulher-sol.Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-28889355233758222192007-11-14T02:26:00.000-03:002007-11-14T13:52:52.287-03:00Margarida<span style="color:#ccccff;">Por <strong><em>Rodrigo Lopez-Balthar</em></strong></span><br /><br /><br /><div align="justify">Sua vida é determinada pela produção. Não precisa do resto. O último romance foi substituído por um artigo que queria publicar, dizia em todos os cantos: “...vou publicar, vou publicar, vou publicar...”. Mesmo a falta de convites para um café não a assustava, ela esperava pela recompensa. Um dia recebeu em casa o calhamaço. 750 páginas de resumos científicos, lá pela 487 encontrou o seu, espremido com outros três em uma página. Gozou vendo o seu nome impresso junto com as cinco linhas que resumiam toda a sua existência.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-28079456241651366812007-10-31T15:00:00.000-03:002007-10-31T15:13:08.483-03:00Onírico<span style="color:#ccccff;">Por <strong>Rodrigo Lopez-Balthar</strong></span><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#cccccc;">Para Borges e Hans</span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">A mulher se reproduzia montanha abaixo. Multiplicando-se em cima de discos de vinil. Usava apenas uma calcinha de pano transparente. O movimento de seu quadril me chamou. O primeiro toque que dei foi a com a mão-verga, que ejaculou em cima do disco. Acordei com a imagem da porra branca escorrendo no círculo negro.</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-20812657641165876732007-10-30T22:09:00.000-03:002007-10-30T22:30:38.413-03:00RETORNO<span style="color:#ccccff;">Por <strong>Rodrigo Lopez-Balthar</strong></span><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuRklYQCpJ-NoRbeewvWZgACJPCB9kAFTX7WF0rOWIv_uWmwZ-PV6SJVe6KR0S9hSkRISEArJwZSaDuERzIZO7D1o0SmZdf2nlcwEX2J2B7k9CrBzYpSPSNIXBuCnPI3Wh4IZDk_Xor5A/s1600-h/imagem.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5127305780019858306" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuRklYQCpJ-NoRbeewvWZgACJPCB9kAFTX7WF0rOWIv_uWmwZ-PV6SJVe6KR0S9hSkRISEArJwZSaDuERzIZO7D1o0SmZdf2nlcwEX2J2B7k9CrBzYpSPSNIXBuCnPI3Wh4IZDk_Xor5A/s400/imagem.JPG" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-size:78%;">Na foto Albert Camus</span>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-5179769058134201172007-10-19T17:01:00.000-03:002007-10-19T17:39:40.307-03:00Karl, O punk!<span style="color:#ccccff;">Por <strong><em>Rodrigo Lopez-Balthar</em></strong></span><br /><strong><span style="color:#ccccff;"></span></strong><br /><strong><span style="color:#ccccff;"></span></strong><br /><div align="justify">Lá estava Ele sentado no terceiro banco da entrada do Passeio Publico. Embaixo de uma Mangueira. Era um dia chuvoso de inverno, cinzento, com muitas crianças e formigas ao seu redor. Uma das crianças se aproximou e disse com amabilidade:<br />- Pense.<br />- Foda-se o sistema! – bradou o imbecil.<br />Lá estava Ele sentado no terceiro banco da entrada do Pesseio Público. Embaixo de uma Mangueira. Era um dia chuvoso de primavera, luminoso, com muitas crianças, adultos e formigas ao seu redor. Uma das formigas se aproximou e disse com extrema leveza:<br />- Viva.<br />- Foda-se o Estado! –gritou o torpe. </div><div align="justify">Lá estava Ele sentado no terceiro banco da entrada do Passeio Público. Embaixo de uma Mangueira. Era um dia chuvoso de verão, radiante, com muitas crianças, adultos, mangas e formigas ao seu redor. Uma das Mangas se aproximou e disse com doçura:<br />- Coma<br />- Foda-se o Poder! – regurgitou o ignóbil.<br />Lá estava Ele sentado no terceiro banco da entrada do Passeio Público. Embaixo de uma Mangueira. Era um dia chuvoso de outono, nublado, com muitas crianças, adultos, folhas e formigas ao seu redor. Um dos adultos se aproximou e disse sorridente:<br />- Ame<br />- Foda-se ... – cacofoniou o infame.<br />Após esgotar seus clichês, Karl foi tomado pela ira; correu em direção à murada, mas antes de se defenestrar uma folha o transformou em um Urubu e, assim, ele voou bem alto, sobrevoou a cidade, o mundo, as pessoas e as árvores. Depois de um longo tempo no céu pousou em sua cama, abriu os olhos, levantou-se, acariciou seu cachorro e se colocou defronte a porta da cozinha, observou sua Avó – que requentava a borra matinal - por alguns segundos e vociferou olvidando O sonho :<br />- Já fez o café velha desgraçada!</div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-55244889752576484782007-10-18T04:13:00.000-03:002007-10-19T17:51:28.860-03:00TAKEDA É POP<a href="http://www.rocco.com.br/"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5122575548012304258" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPGdb8gH-hpPLvV6vwPG6kfDafCrbZytOKDtxDnls_5fYxUk60Ub6a3SYfXWDZRo2nJU_4MB_tvYWoN8v9fsORB1QDW4Ytu7mEpEUAGskB0NJViis7JY_DROhQLK-W5egYgKtLdCl3o3A/s200/CASSINOH.jpg" border="0" /></a> <span style="color:#ccccff;">Por <strong>Rodrigo Lopez-Balthar</strong></span><br /><div><strong></strong></div><div></div><div><br /><br /></div><div align="justify">A juventude é um período de conflitos e conceitualmente é tão complicado definir o que é um jovem quanto entendê-los. Num mundo em que a juventude parece prolongar-se além do limite dos trinta anos e a bater já às portas dos quarenta, discutir esta condição é no mínimo arriscado. É isto que faz <a href="http://peixesbanana.blogspot.com/">André Takeda</a> em <a href="http://www.rocco.com.br/">Cassino Hotel</a>.<br />O livro trata das escolhas que tomamos neste ponto da vida em que nada é definitivo ainda, e até as mudanças, que em princípio são radicais, parecem ser diluídas no filtro da inconstância.<br />Takeda lança sobre este momento da vida um olhar dramático, exposto a partir da vida de um ex-roqueiro gaúcho dependente químico, que ganha a vida tocando guitarra para uma cantora pop filha de um cantor sertanejo do interior de São Paulo (qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência), com quem tem um relacionamento amoroso.<br />Este fato desencadeará seu retorno ao Rio Grande do Sul, mais precisamente, a praia do Cassino, onde reencontrará um grupo de pessoas que foram afetadas pelas escolhas que ele fez num passado não muito distante.<br />A reaproximação desencadeia uma série de conflitos e transformações na vida de João (este é o nome da personagem principal), que provocam uma série de pequenos dramas em cada um dos reencontros e conduzem-no num ininterrupto processo de reflexão sobre a condição humana e o sofrimento que as nossas tomadas de posição produzem.<br />Um livro de geração, que parece fazer parte de um projeto mais amplo do autor, que é a de criar no Brasil uma literatura de consumo, sem o ranço acadêmico muito comum em autores brasileiros. Cassino Hotel não tem pretensões, e por isso é pop.</div><div><br /></div><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><a href="http://peixesbanana.blogspot.com/">TAKEDA, André. Cassino Hotel</a>. Rio de Janeiro: <a href="http://www.rocco.com.br/">Rocco</a>, 2004.</div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-55269799599325457652007-10-12T13:59:00.000-03:002007-10-12T14:02:50.509-03:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVErtUdGL6IWS1wXPePGT6v7_25vhThjaPF47bo7SIBLd2JfIMBdVls-80NePGN0T-B7LnJaUzNyPZPhHiQOK-qoaiIrOKqOx3fH9Jo_xrtA7UUrph4JhepObfQFGsyBna0zv8atRe2fof/s1600-h/passado-noticia1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5120496540826473682" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" height="151" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVErtUdGL6IWS1wXPePGT6v7_25vhThjaPF47bo7SIBLd2JfIMBdVls-80NePGN0T-B7LnJaUzNyPZPhHiQOK-qoaiIrOKqOx3fH9Jo_xrtA7UUrph4JhepObfQFGsyBna0zv8atRe2fof/s200/passado-noticia1.jpg" width="224" border="0" /></a><br /><div align="justify">“Quem não sofreu, algum dia, com essa estampa patética? Por que há dois cães? Ou melhor, um, o do cio, que deseja, e depois sua presa impossível, que não deseja e que por não desejar já não é um cão, mas outra coisa: algo inerte, um pedaço de pedra, uma planta, um tronco em forma de cão? Assim, entre aquele que deseja e aquele que não, o que faz papel de ridículo é sempre o primeiro, pois, atirando-se sobre a criatura que não retribui sua atenção não comete um erro de avaliação, nem de cálculo, nem de oportunidade: engana-se de espécie”. (p.310)<br /><br />PAULS, Alan. <strong>O Passado</strong>. São Paulo: Cosac Naify, 2007.</div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-87408742180558667442007-10-09T19:29:00.000-03:002007-10-10T02:49:55.371-03:00SÉTIMA<span style="color:#ccccff;">Por <strong>Rodrigo Lopez-Balthar</strong></span><br /><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">Apesar da torcida</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">eu não fracassei, Mãe. Vi</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">todo o seu desprezo </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">por mim acompanhar-me</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">no desenrolar do dia, </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">para fazer do fraco</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">menino homem forte</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">de consciência em </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">pé. Agora que nada</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">resta, olho-te com a</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">mesma escuridão e</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">embalo o meu ódio</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">com a canção dilúvio</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">de estribilho duro</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">que sufoca lembranças</span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">suas.</span></div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-13185309709300265782007-10-07T00:21:00.000-03:002007-10-07T00:23:52.133-03:00Como os Romanos<span style="color:#cc0000;">Por <em>Carol Medrado</em></span><br /><br /><div align="justify">“”Eu adoro História. É a minha matéria favorita na escola. Eu gosto porque fala de gente importante que fez coisas importantes. Eu também gosto de revista de fofocas. Pra mim, revista de fofoca e História são a mesma coisa. Eu tenho certeza que o nascimento da Sasha um dia entrará num livro de História. Eu gosto de ler e saber sobre coisas e pessoas importantes. Eu nunca fiz nada de importante, mas tô bem conhecida e falada aqui na minha cidade. Na verdade, conhecido aqui, todo mundo é. Já falada, eu sou a celebridade do momento. Eu até que gosto disso, embora eu ache que não fiz nada demais. Filho, todo mundo tem, Gracília, filha da dona da venda, também teve filho aos quinze anos. Ter filho não é nada demais, qualquer mulher pode ter, é só abrir as pernas pra entrar e abrir as pernas pra sair. Já ser a Xuxa, já ser a mãe de Sasha, não é pra qualquer um! Isso é importante. Isso entra pra revista legal e livros de História. Ter filho de um Zé numa terra de ninguém não é nada. Nada! E mesmo assim tá todo mundo me olhando, todo mundo cochichando, todo mundo me apontando. A Xuxa também teve a filha de um cabra e criou a filha sozinha. Por que eu não posso? Não é nada demais ter filho, botar filho no mundo todo mundo bota. Só porque eu não quero dizer quem é o cabra, o cabra safado, como diz painho. Não digo, não, painho. Eu só digo que foi aqui na beira do rio. Foi na beira do rio e foi bom. Foi bom, eu gostei. Mas agora não posso mais fazer, agora ninguém me quer mais. Agora eu vou pra praça e as meninas fica com quem quer e eu fico só olhando. E vai ser aqui na beira do rio que ele vai nascer. Ele vai se chamar Rômulo. Eu até já comprei a cestinha, sei que será difícil no início. Mas só assim ficarei conhecida. Serei a mãe do fundador de um império””.</div><div align="justify"></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-9846534701792363702007-09-28T01:14:00.000-03:002007-09-28T01:16:59.227-03:00Dá Dá Dá<div align="justify"><span style="color:#cc33cc;">Por <em>B. de Quatre<br /></em></span><br /><br />Há um certo tempo eu contei aqui a história de um reino muito muito muito distante. Pois bem, ouvi recentemente uma continuação dessa história. Dizem por aí, que esse reino beira uma revolução. Tudo isso por causa de jovens seres destemidos, corajosos e engajadíssimos. Fiquei muito feliz com essa notícia pois este é um bom exemplo de que o mundo ainda tem jeito. Tudo pode mudar se nos dermos as mãos, afinal, de mãos dadas ninguém pode roubar, matar ou bater em ninguém. Sigamos o exemplo dos jovens desse reino! Suas ações são simples e podem ser generalizadas. Entre suas estratégias revolucionárias estão as festas caríssimas que eles organizam. Tudo isso para arrancar dinheiro dessa classe média alienada, burguesa, capitalista selvagem e empregar as classes menos favorecidas que podem trabalhar como segurança, frentista ou catar as latinhas de cerveja. Ai, gente, esse tipo de atitude até me emociona! Que exemplo! Que exemplo! Mas é claro que esse tipo de movimento não é acessível a todos. Claro que não! Eles são muito espertos e se protegem da ação de espiões mal intencionados que querem minar a revolução. Para entrar no grupo tem que ser engajado e estar disposto a dar tudo pela revolução. Soube inclusive que há no grupo uma grande revolucionária. Ela leva o grupo no peito, está sempre aberta para o movimento. Dizem até que ela é tão engajada, mais tão engajada, que não se contenta apenas com a esquerda e a direita, ela se posiciona também no centro e está sempre em cima e embaixo, embaixo e em cima. Porém, tudo indica que essa postura acolhedora é apenas uma manobra política. Colheram um depoimento dela que demonstra que ele é extremamente comprometida com as classes menos abastadas: “mais pra esquerda, mais pra esquerda... isso, assim, assim, assim, ai, ai, ai...”.</div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-90911076928320331012007-09-27T23:44:00.000-03:002007-09-27T23:48:11.160-03:00O Tombo do Navio<div align="justify"><span style="color:#cc0000;">Por <em>Carol Medrado</em></span></div><div align="justify"><em><span style="color:#cc0000;"></span></em> </div><div align="justify">[...] Faz três meses que não chove. Mas eu tenho sorte, moro às margens do rio. Embora nem toda a água do rio seja capaz de irrigar essa vida. Eu nunca entrei nesse rio, eu não sei nadar. Eu não gosto dele, eu não gosto de nada daqui. Eu não sou daqui, sou de Salvador. Saí da capital para morar nessa cidadezinha com a promessa de meu pai que só ficaríamos por cinco anos (isso já faz dez). Eu também era uma promessa, agora sou apenas uma flor estranha em meio aos cactos. Eu não me sento nas calçadas para falar da vida alheia, eu não vou à igreja, eu não freqüento os bares infectos com a juventude alienada. Eu sou muito melhor que eles. Sou muito melhor do que tudo aqui. Eu não preciso deles, eu tenho meus livros. Meus livros, o único sinal de que há uma vida fértil em algum lugar do mundo. Eu gosto de sentar embaixo da Algaroba com eles e fingir que estou longe daqui. Só eu, os livros e a algaroba. A árvore estrangeira como eu. A árvore que chora que chora com saudades da sua terra. Parece que eu sou a única que lê por aqui. Acho que esse é o motivo do meu exílio, é por isso que meus colegas me rejeitam, meus vizinhos fazem careta quando passo. Mas eu não me importo, eles são rasos demais para me entender. Ontem, quando voltava do colégio, um colega jogou uma pedra em mim. Ficou uma marquinha funda bem em cima da minha sobrancelha. Idiota, são todos uns idiotas. Mas eu não me importo. Hoje eu decidi afogar meus livros. Fiquei lá, na beira do rio, vendo os livros afundarem. Criancinhas nojentas pegaram os restos dos livros e fizeram ridículos barquinhos de papel. O barquinho do Balzac foi o último a afundar.<br /><br /><br />Bia, 23 de março de 2007.<br /><br /><br /><br /><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4771209925385379538.post-42697894923870909382007-09-18T19:11:00.000-03:002007-09-18T19:34:42.924-03:00[mixórdia mnemônica]<span style="color:#ccccff;">Por <strong>Rodrigo Lopez-Balthar</strong></span><br /><br /><br /><div align="left"><span style="font-family:courier new;color:#cc0000;"><strong>Pequenos balões negros num<br />Canto perdido da sala<br />Oferecem a imagem<br />Lúgubre do tempo em que<br />Nada importava; tudo<br />Parecia impossível no<br />Movimento rápido dos<br />Seus olhos em agonia.</strong></span></div><div align="left"><strong><span style="font-family:Courier New;color:#cc0000;"></span></strong> </div><div align="left"> </div>Rodrigo Lopez-Baltharhttp://www.blogger.com/profile/14811926589933508601noreply@blogger.com2