quarta-feira, 27 de junho de 2007

EX ou A Mãe dele disse que ele era bom e todo mundo acreditou (menos eu)

Por Carol Medrado



Bem, Santiago Nazarian, eu não te conheço e é por isso mesmo que eu vou falar mal do seu livro, se você não gostar, manda Thomas vir brigar comigo.
Era uma vez um livro chamado Olívio que começa bem, mas o final não é feliz (não mesmo!). Conta a história de Olívio, um cara que todo dia faz tudo sempre igual e é feliz assim (qual o problema nisso?). Ele tem uma noiva, um emprego que o sustenta, um apartamento, um irmão gay, alguém para lavar suas roupas sujas.... tudo perfeito. Depois de duas broxadas a vida dele começa a perder o rumo. Perde a noiva, falta ao emprego e nesse seu dia de ócio resolve tomar as rédeas de sua vida e ir atrás da noiva. Mas ele já está perdido. Perdido! Não consegue achar o trabalho da noiva e fica vagando pela cidade, vai até a casa do irmão (que nunca havia visitado), vai a um cinema pornô (algo que nunca havia feito) e acaba parando num prostíbulo, experimentando algo que nunca havia provado. No prostíbulo ele conhece um cara, Thomas, e á a partir daí que a história também se perde. Começa a história de um ex-livro bom, passou.... perdeu a mão.... mas não sei se vai deixar marcas. Thomas, você estragou tudo! Enfim, já tatuou, o livro já ta aí, não dá mais para apagar. Continuando a história... Olívio vai para casa de Thomas com duas prostitutas, na manhã seguinte ele descobre que suas roupas estão molhadas porque a prostituta que estava com ele se matou de overdose usando suas roupas que acabaram ficando manchadas de sangue (se alguém entendeu essa, me explica, por favor!). E Olívio continua se perdendo: não tem mais roupa seca, não tem mais chave de casa e quase já não há mais Olívio, há um ex-Olívio. Ele passa a experimentar um outro lado de si mesmo, um outro lado da vida e apesar da sua angústia inicial, ele acaba se rendendo, aceitando vagar pela cidade ao invés de chamar um chaveiro para a abrir a sua porta. Na tentativa de entender melhor a loucura em que se meteu, ele volta a fazer o percurso por onde passou: volta ao cinema pornô e não entende nada; volta à casa do irmão e não entende nada; volta ao prostíbulo e não entende nada; volta à casa de Thomas e não entende nada. Volta tudo.... e nada... As pessoas são e não são, ele já não sabe onde está.... passou, perdeu a mão.... ex.... Essas voltas também estragam tudo, se eu fosse Olívio (ou Thomas) não daria tantas voltas assim, todo mundo acaba ficando tonto no final. Nessas voltas ele descobre que o irmão conhece Thomas que conhece uma vizinha de Olívio, que indicou a lavadeira de Olívio a Thomas. E tudo continua girando...Voltando ao prostíbulo o autor se perde em rimas injustificáveis, esse capítulo é chatíssimo, quase pulei ele. Quando volta à casa de Thomas é pior ainda. Thomas começa a passar um sermão ridículo em Olívio e o capítulo todo parece uma tentativa de Nazarian de se proteger das críticas, já que Thomas é escritor e começa se defender das ofensas de Olívio a sua literatura. Thomas é um personagem extremamente forçado, não funciona, não seria egolatria demais? Tudo isso para no final Olívio descer do carrossel e voltar com noiva, voltar para o apartamento, voltar para o emprego e para suas roupas limpas. Enfim, já tatuou, não dá mais para apagar. Ex.



NAZARIAN, Santiago. Olívio. São Paulo: Talento, 2003

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