
Existem textos que te arrebatam, não deixando que você o largue nem por um minuto, existem textos que devem ser abandonados para que permaneçam em seu solilóquio impenetrável ou burro e existem livros para serem degustados, cada pedacinho como um precioso néctar, divino para os crédulos, maravilhoso êxtase para os mortais que escolheram a orfandade ateística. Sofri desse maravilhamento ao entrar na tenda de Margaret Atwood.
A autora chegou até mim através de um amigo – mesmo que nunca o tenha conhecido -, Alberto Manguel, que a resenhou com muito vigor e sensibilidade em seu Diario de Lecturas. Após este primeiro encontro procurei-a por todo canto, com vontade de experimentar o mesmo prazer que Alberto. Encontrei-a em São Paulo, num sebo da praça João Mendes, mas só comecei a lê-la em Salvador, melhor, degustá-la.
Margaret tomou minha mão e conduziu-me por planícies geladas, verões com pouco sol, dias sombrios e neve; ela nem precisou dizer que esta era a substância que envolvia a todos e determinava algumas de suas narrativas. No Canadá neva, neva muito, tanto quanto aqui faz sol.
Mas ela me tocou de maneira diferente, a mim que vivo no sol constante. Mesmo diante de imagens nem um pouco próximas - de um povo que vive no gelo – descobri (mais uma vez) que somos os mesmos, que sofremos das mesmas angustias, que a humanidade é uma imensa repetição. Ou, talvez, a minha identificação revele que sou demasiado nórdico para os trópicos. Está explicado o calor que nunca me aquece.
A autora chegou até mim através de um amigo – mesmo que nunca o tenha conhecido -, Alberto Manguel, que a resenhou com muito vigor e sensibilidade em seu Diario de Lecturas. Após este primeiro encontro procurei-a por todo canto, com vontade de experimentar o mesmo prazer que Alberto. Encontrei-a em São Paulo, num sebo da praça João Mendes, mas só comecei a lê-la em Salvador, melhor, degustá-la.
Margaret tomou minha mão e conduziu-me por planícies geladas, verões com pouco sol, dias sombrios e neve; ela nem precisou dizer que esta era a substância que envolvia a todos e determinava algumas de suas narrativas. No Canadá neva, neva muito, tanto quanto aqui faz sol.
Mas ela me tocou de maneira diferente, a mim que vivo no sol constante. Mesmo diante de imagens nem um pouco próximas - de um povo que vive no gelo – descobri (mais uma vez) que somos os mesmos, que sofremos das mesmas angustias, que a humanidade é uma imensa repetição. Ou, talvez, a minha identificação revele que sou demasiado nórdico para os trópicos. Está explicado o calor que nunca me aquece.
2. MANGUEL, Alberto. Diario de Lecturas, tradução de José Luis López Muñoz. Madrid: Alianza Editorial, 2004.
2 comentários:
Valeu cara, obrigado pela visita no anjo baldio. Muito bom este cão celestial. Grande abraço.
estou com esse da Atwood pra ler também. esse e "Negociando com os mortos". espero que sejam bons mesmo hehehe valeu pela visita! abraço!
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