
Martillo y cinzel. Dentro de uma pedra há um cavalo. Com martelo, cinzel e sonho se faz com que uma pedra se transforme em uma escultura. A cabeça de um homem pode transformar o informe barro em outro homem-barro seu semelhante imóvel. É assim que vejo António Lobo Antunes: um escultor de palavras.
Sua leitura é um passeio em campo onírico de esculturas, a linguagem esculpida, tomando forma no amor, na dor, na angústia e no desespero. Uma leitura de maioridade, demorada, sem a pressa bestselleriana; com ritmo próprio, determinado pelo autor. Cuja visão cruel do homem está além da experiência imediata com a guerra - vivida por ele e relatada em Os Cus de Judas - inscreve-se em nossos atos cotidianos mais comuns, na nossa pequena guerra chamada vida.
Sua leitura é um passeio em campo onírico de esculturas, a linguagem esculpida, tomando forma no amor, na dor, na angústia e no desespero. Uma leitura de maioridade, demorada, sem a pressa bestselleriana; com ritmo próprio, determinado pelo autor. Cuja visão cruel do homem está além da experiência imediata com a guerra - vivida por ele e relatada em Os Cus de Judas - inscreve-se em nossos atos cotidianos mais comuns, na nossa pequena guerra chamada vida.
Pequeno Extrato:
"Talvez que quando eu for velho, reduzido aos meus relógios e aos meus gatos num terceiro andar sem elevador, conceba o meu desaparecimento não como o de um náufrago submerso por embalagens de comprimidos, cataplasmas, chás medicinais e orações ao Divino Espírito Santo, mas sob a forma de um menino que se erguerá de mim como a alma do corpo nas gravuras do catecismo, para se aproximar, em piruetas inseguras, do negro muito direito, de cabelo esticado a brilhantina, cujos beiços se curvam no sorriso enigmático e infinitamente indulgente de um buda de patins".
Antônio Lobo Antunes. Os Cus de Judas. Rio de Janeiro: Objetiva/Alfaguara, 2007.
5 comentários:
Rodrigo,valeu sua visita lá no anjo baldio. Seu blog está muito bom.Um grande abraço.
Eu sou uma pedra.
nunca ouvi falar deste autor, é novo?
António Lobo Antunes
António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, em 1942. Médico psiquiatra, foi convocado pelo exército português para servir na guerra em Angola. É considerado por vários críticos em todo o mundo como o mais importante romancista português depois de Eça de Queirós. Boa tarde às coisas aqui em baixo é o 16.º romance de sua obra, em que se destacam títulos como Memória de elefante, seu primeiro livro (1979); A morte de Carlos Gardel; O manual dos inquisidores; Conhecimento do inferno; Tratado das paixões da alma; A ordem natural das coisas; e Exortação aos crocodilos, que lhe rendeu o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 1999. A Editora Objetiva adquiriu os direitos de publicação no Brasil, em versão original, de toda a obra do escritor português.
Rodrigo, quando li seu nome, sabia que o conheci de algum lugar, mas havia um tempo que não entrava no cão. Acho esse espaço legal, colorido e cinzento, solar e noturno ao mesmo tempo.
O livro custará vinte reais. Digo que são 72 páginas, 52 poemas e cinco ilustrações massa de lambuja, e que talvez sejam o melhor do livro. Dou por elas minha mão à palmatória, já o resto...
Abraço
Sandro
PS: Lobo Antunes é f... de bom! Põe Saramago na sola do chinelo. Sara.. quem?
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