quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Margarida

Por Rodrigo Lopez-Balthar


Sua vida é determinada pela produção. Não precisa do resto. O último romance foi substituído por um artigo que queria publicar, dizia em todos os cantos: “...vou publicar, vou publicar, vou publicar...”. Mesmo a falta de convites para um café não a assustava, ela esperava pela recompensa. Um dia recebeu em casa o calhamaço. 750 páginas de resumos científicos, lá pela 487 encontrou o seu, espremido com outros três em uma página. Gozou vendo o seu nome impresso junto com as cinco linhas que resumiam toda a sua existência.