sexta-feira, 12 de outubro de 2007


“Quem não sofreu, algum dia, com essa estampa patética? Por que há dois cães? Ou melhor, um, o do cio, que deseja, e depois sua presa impossível, que não deseja e que por não desejar já não é um cão, mas outra coisa: algo inerte, um pedaço de pedra, uma planta, um tronco em forma de cão? Assim, entre aquele que deseja e aquele que não, o que faz papel de ridículo é sempre o primeiro, pois, atirando-se sobre a criatura que não retribui sua atenção não comete um erro de avaliação, nem de cálculo, nem de oportunidade: engana-se de espécie”. (p.310)

PAULS, Alan. O Passado. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alan Pauls é gatinho

anjobaldio disse...

Tô sempre voltando aqui. Grande abraço.