quinta-feira, 28 de junho de 2007

Obituário de Rodrigo Matos

Por Rodrigo Lopez-Balthar


O que é falar da morte? Da morte de alguém próximo? Um obituário. Mas era eu. Nós. Nós somos o mesmo dividindo um corpo, porém diferentes. Um morto. Outro vivo. Não havia escapatória, sua morte foi apenas uma questão de tempo, aliado a alguns fatores pouco importantes como a sua completa falta de criatividade. Não foi fácil ver o cadáver de mim-mesmo caído ao meu lado, mas em algum momento ia acontecer, eu disse a ele, "a hermenêutica mata!", mas o intelectual nem se abalou e continuou gadameriando, heideggeriando e schleiermacheriando como se estas drogas não tivessem o efeito corrosivo, já conhecido por todos os filósofos: interpretose. Ele foi e não há mais lugar para um retorno. Ocupei o resto do apartamento.

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