domingo, 26 de agosto de 2007

Adidias

Por Carol Medrado

À primeira vista, ela se apaixonou. Fácil. Ela nunca esqueceria aquele dia. Ele usava uma bermuda Adidas preta que contrastava com os seus cabelos grisalhos, a chave do carro balançava pendurada na bermuda. Ele contou que era médico e levou-a para sua casa de praia. Fácil.
À segunda vista, ela descobriu. Ela nunca esqueceria aquele dia. Ele tinha acabado de se separar. Ele contou que a mulher levou o carro e a casa de praia e que boa parte do seu salário foi para a pensão dos filhos. Ele usava a mesma bermuda preta. À segunda vista: Adidias. Revelou-se um legítimo homem Adidias.
Mas agora não tinha mais jeito, seu destino já havia sido traçado desde o início nas linhas daquela bermuda. O conto de fadas terminou. E eles foram felizes para sempre: a felicidade, quando se é hipermetrope, também é fácil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu sou um homem adidias