sábado, 25 de agosto de 2007

Meninas, eu li!

Por B. de Quatre


Agora é moda menininhas escreverem livrinhos floreando as suas vidinhas. Comprar pão na esquina ou dar uma mijadinha já garantem um livro, Dias Gomes que o diga. Mas para isso você precisa ser filha de alguém, ter bons amigos ou ser diferente. (Leia-se: ter tatuagens, piercings e cabelo vermelho). Se é moda, é legal. Se é legal, tamos aí! Mas, me desculpem garotinhas, se é moda eu prefiro Paris! Eu prefiro Hell. Se é Paris, é legal. Se é legal, eu leio.

“Não vim segurar a pena para descrever a existência de gente pobre e feia: em primeiro lugar, não sei nada a respeito, em segundo, esse não é um tema dos mais divertidos”. “Sou francesa e parisiense e estou me lixando para o resto; pertenço a uma única comunidade, a mui cosmopolita e controversa tribo Gucci Prada – a grife é meu distintivo”. Essa garota é das minhas! Como vocês vêem, a vida de Hell não precisa ser floreada. Ela é linda, muito rica, mora em Paris (no 16º Arrondissement, isso é que é chique), esquia em Saint-Moritz, faz compras em Milão e janta em um iate em Saint-Tropez. Tudo isso, claro, usando Gucci, Dior e Prada. Quem precisa de mais? A pobre da Hell precisa. Precisa de Prozac. Precisa de alguém que a ame. Precisa de um sentido para a sua vida. E outras futilidades do tipo. A garota começa esbanjando graça e beleza e no final quer cuspir na boate em que dançou. Isso não se faz!

Gente! Nesse livro a Lolita Pille revela todos os podres da alta sociedade francesa. Drogas, dinheiro sujo, surubas, consumismo e depressão. Está tudo lá. Nada que a gente já não saiba, é verdade. Mas, mesmo assim, dizem por aí que depois do livro ela passou a ser rejeitada pelos amigos e proibida de entrar em algumas boates. Bem feito para você, queridinha! Quem mandou querer dar uma de Mister M.?


Ps: Esse livro me rendeu uma cicatriz no meio da testa. Nada mais chique do que uma cicatriz na testa causada por um livro francês. Literalmente, um livro marcante.



Resenha de PILLE, Lolita. Hell.Rio de Janeiro: Intrínseca, 2003.

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